Na tentativa de pensar um feminismo brasileiro na atualidade, foi preciso partir de um diagnóstico sobre o racismo e o sexismo a partir do conceito de dispositivo de racialidade, de Sueli Carneiro, e, de racismo por denegação, de Lélia Gonzalez. Esses conceitos dialogam entre si e se complementam, permitindo ainda uma possível interlocução com o que Aníbal Quijano denominou de colonialidade do poder de modo a se inferir que o racismo e o sexismo sejam opressões estruturais e que, na imbricação das opressões, a raça preceda o gênero. Feito esse percurso argumentativo, nota-se que, diante do poder hegemônico heterocolonial, a proposta de resistência por meio de um feminismo afro-latino-americano de Lélia Gonzalez ainda seja, a meu ver, a mais pertinente para o contexto brasileiro e pode ser enriquecida se posta em diálogo com os conceitos de colonialidade de gênero, de María Lugones, e, de consciência “mestiza”, de Glória Anzaldúa, conduzindo-nos à proposição de um feminismo decolonial brasileiro.
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